Um caminho4 num grafo é uma sucessão de vértices e arestas
Visto não considerarmos multigrafos, esse caminho é denotado por
, ou mais simplesmente
Definições análogas podem ser dadas para digrafos.
Um caminho é
Note-se com um caminho elementar é simples, mas que o contrário é falso.
Um ciclo7 é um caminho fechado elementar não trivial. Um circuito8 é um caminho fechado simples não trivial.
Recuperamos um grafo que apresentámos atrás:
Um caminho é, por exemplo,
. Repare que este caminho repete um vértice mas não repete nenhuma aresta. Portanto, é um caminho simples que não é elementar. Já
é um ciclo e
é um circuito.
Um grafo que é um ciclo com vértices denota-se por
, e um grafo que é um caminho elementar com
vértices denota-se por
.
é usualmente denominado triângulo.
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Um grafo é conexo se, para quaisquer vértices distintos, existe um caminho
. Portanto, um grafo é conexo se quaisquer dois vértices forem alcançáveis um do outro.
Dado um grafo , podemos definir a seguinte relação em
, que é de equivalência:
As componentes conexas (ou simplesmente componentes) são os subgrafos induzidos pelas classes de equivalência. Ou seja, uma componente conexa é um subgrafo maximal conexo de .
O comprimento
de um caminho
é o número de arestas desse caminho. Denota-se por
o conjunto de todos os caminhos de comprimento
do vértice
para o vértice
, e por
o conjunto de todos os caminhos
. Se
contiver um caminho fechado
, uma redução
do caminho
,
, é o caminho obtido de
a que se retirou todas as arestas e vértices de
à excepção de
. De forma recíproca, a concatenação de dois caminhos
é o caminho
.
A distância entre os vértices
e
distintos é o comprimento do menor caminho elementar que os une; caso não exista um tal caminho,
. Assume-se que
. Note-se que:
Suponhamos agora que é um
-grafo, com
, sem ciclos de comprimento ímpar. Sem perda de generalidade, assume-se com
é conexo. Fixemos
e definamos os conjuntos
é par
e
é Ãmpar
. Como é óbvio,
é uma partição de
. Resta-nos mostrar que vértices no mesmo elemento da partição não são vizinhos. Por absurdo, vamos supor que existe
com
(o caso de ambos pertencerem a
é análogo). Sendo o grafo conexo, então
e
. Sejam
as geodésicas entre
e
e entre
e
, respectivamente. Então existe o vértice
, comum aos dois caminhos e que torna a secção
de comprimento máximo. Ou seja,
é o último vértice comum às duas geodésicas, e portanto as secções
de
e
de
têm o mesmo comprimento. Como
então tem igual paridade o comprimento das secções
e
. Se forem pares, então a concatenação dos caminhos
define um ciclo de comprimento ímpar. O mesmo se conclui se os comprimentos forem ímpares, o que contradiz a hipótese do grafo não ter ciclos ímpares.
O grafo seguinte não contém ciclos de comprimento ímpar
Vejamos agora como se pode mostrar o não isomorfismo de grafos à custa da noção de conexidade que temos estudado nesta secção.
Como aplicação do resultado anterior, os grafos seguintes não são isomorfos:
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No resultado seguinte, faz-se uso da noção de matriz de adjacência definida atrás para se estudar não só a alcançabilidade mas também o comprimento dos caminhos possíveis entre dois vértices.
Um grafo simples diz-se acÃclico se não tiver ciclos.
Uma árvore9 é um grafo acíclico conexo.
Um grafo acíclico chama-se floresta10. Logo, as componentes conexas de uma floresta são árvores.
. Se
é uma árvore, então é um grafo acíclo conexo. Existe um caminho
, e esse caminho contém um caminho elementar. A concatenação de dois caminhos elementares distintos daria origem a um ciclo, o que mostra a unicidade. Reciprocamente, a existência de um caminho elementar garante a conexidade do grafo. A unicidade impede a existência de ciclos (verifique a razão).
. A conexidade é imediata. Considere a propriedade
uma árvore
com
vértices tem
arestas, onde
.
é válida. Mostre-se que
é suficiente para
. Seja
uma árvore com
vértices, e seja
um vértice escolhido de tal forma que
. Seja ainda
. Temos que
tem
vértices, e que é uma árvore (verifique!), e portanto tem
arestas. Logo
tem
arestas.
é análogo.
. Se
é acíclico, então é uma floretsa com
componetes conexas
que são árvores. Logo, aplicando
a cada uma destas componentes, obtemos
arestas em
, pelo que, e sabendo que
tem
arestas e
, se conclui que
, ou seja
é conexo.
. Suponha que (4) é válida, mas que (2) é falsa. Ou seja, ou que existem dois caminhos elemenatares entre dois vértices, ou que não existe caminho elementar algum. O primeiro caso implica a existência de um ciclo, o segundo a não conexidade do grafo.
Finalmente, dizemos que uma aresta de é uma ponte se a eliminação dessa aresta aumenta o número de componentes do grafo. â imediato verificar-se que todas as arestas de uma árvore são pontes. De facto, se
é uma árvore e
são vértices tais que
não é ponte, então existe
caminho
que não contenha a aresta
. Ora a inclusão da aresta
cria um caminho fechado, e portanto a existência de um ciclo.