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Resolução de $ Ax=b$

Nesta secção, vamos apresentar uma forma de resolução da equação $ Ax=b$, fazendo uso da factorização $ PA=LU$ estudada atrás. Vejamos de que forma essa factorização é útil no estudo da equação.

Considere a equação $ \left[\begin{array}{ccc} 1&2&3\\
0&4&5\\
0&0&6\end{array}\right]\left[\begin...
... x_2 x_3\end{array}\right]=\left[\begin{array}{c}7 8 9\end{array}\right]$. O sistema associado escreve-se como $ \left\{ \begin{array}{r} x_1+2x_2+3x_3 =7\\
4x_2+5x_3=8\\
6x_3=9\end{array}\right.$. Calculando o valor de $ x_3$ pela última equação, este é substituido na segunda equação para se calcular o valor de $ x_2$, que por sua vez são usados na primeira equação para se obter $ x_1$. Procedeu-se à chamada substituição inversa para se calcular a única (repare que a matriz dada é invertível) solução do sistema. Em que condições se pode usar a substituição inversa? Naturalmente quando a matriz dada é triangular superior com elementos diagonais não nulos. Mas também noutros casos. Considere a equação matricial $ \left[\begin{array}{ccc} 1&2&3\\
0&0&4\end{array}\right]\left[\begin{array}{c}x_1 x_2 x_3\end{array}\right]=\left[\begin{array}{c}5 6\end{array}\right]$. A matriz do sistema não é quadrada, mas o método da susbstituição inversa pode ainda ser aplicado. O sistema associado é $ \left\{ \begin{array}{r} x_1+2x_2+3x_3 =5\\
4x_3=6\end{array}\right.$, donde $ x_3=\frac{3}{2}$, e $ x_1$ dependerá do valor de $ x_2$. A solução geral do sistema é $ (x_1,x_2,x_3)=(5-\frac{9}{2}-2x_2,x_2,\frac{3}{2})=(5-\frac{9}{2},0,\frac{3}{2})+x_2(-2,1,0)$. Mais à frente veremos qual a importância de escrevermos a solução na última forma apresentada. É fácil constatar que a substituição inversa é aplicável desde que a matriz do sistema seja uma matriz escada de linhas. A estatégia na resolução da equação irá, portanto, passar pela matriz escada obtida por Gauss, para depois se aplicar a substituição inversa. Desde que o sistema seja possível, claro.

Considere o sistema $ Ax=b$ e a factorização $ PA=LU$. Ou seja, $ U=L^{-1}PA$. Recorde que $ L^{-1}P$ reflecte as operações elementares efectuadas nas linhas de $ A$ por forma a se obter a matriz escada, percorrendo os passos do AEG. Multiplique ambos os membros de $ Ax=b$, à esquerda, por $ L^{-1}P$ para obter $ L^{-1}PA=L^{-1}Pb$. Como $ U=L^{-1}PA$ tem-se que $ Ux=L^{-1}Pb$, e daqui podemos aplicar a substituição inversa... depois de se determinar o termo independente $ L^{-1}Pb$. Recorde que $ L^{-1}P$ reflecte as operações elementares efectuadas nas linhas de $ A$, de modo que para se obter $ L^{-1}Pb$ basta efectuar essas mesmas operações elementares, pela mesma ordem, nas linhas de $ b$. Por forma a simplificar o raciocínio e evitar possíveis enganos, esse processo pode ser efectuado ao mesmo tempo que aplicamos o AEG nas linhas de A. Consideramos, para esse efeito, a matriz aumentada do sistema $ \left[\begin{array}{c\vert c}A&b\end{array}\right]$, aplicamos o AEG para se obter a matriz $ \left[\begin{array}{c\vert c}U &c\end{array}\right]$, onde $ U$ é matriz escada de linhas e $ c=L^{-1}Pb$. Se o sistema for possível, aplica-se a substituição inversa a $ Ux=c$.

As soluções de $ Ax=b$ são exactamente as mesmas de $ Ux=c$, e por este facto dizem-se equações equivalentes, e os sistemas associados são equivalentes. De facto, se $ v$ é solução de $ Ax=b$ então $ Av=b$, o que implica, por multiplicação à esquerda por $ L^{-1}P$ que $ L^{-1}PAv=L^{-1}Pb$, ou seja, que $ Uv=c$. Por outro lado, se $ Uv=c$ então $ LUv=Lc$ e portanto $ PAv=Lc$. Ora $ c=L^{-1}Pb$, e portanto $ Lc=Pb$. Obtemos então $ PAv=Pb$. Como $ P$ é invertível, segue que $ Av=b$ e $ v$ é solução de $ Ax=b$.

Visto determinar as soluções de $ Ax=b$ é o mesmo que resolver $ Ux=c$, interessa-nos, então classificar este último.

Como exemplo, considere a equação $ \left[\begin{array}{ccc}1&2&3\\
0&0&0\end{array}\right]\left[\begin{array}{c}x_1 x_2 x_3\end{array}\right]=\left[\begin{array}{c}4 5\end{array}\right]$. A segunda equação do sistema associado reflete a igualdade $ 0=5$, o que é impossível. A equação é impossível já que não tem soluções. A matriz aumentada associada à equação é $ \left[\begin{array}{ccc\vert c}
1&2&3&4\\
0&0&0&5\end{array}\right]$. Repare que a característica da matriz $ A$ é 1 enquanto que a caratacterística da matriz aumentada $ [A\vert b]$ é 2.

Como é fácil verificar, a característica da matriz a que se acrescentou linhas ou colunas é não inferior à característica da matriz inicial. Por consequência, $ \mathrm{car}(A)\le \mathrm{car}([A\vert b])$.

Teorema 3.2.1   A equação matricial $ Ax=b$ é consistente se e só $ \mathrm{car}(A)=\mathrm{car}\left(\left[\begin{array}{c\vert c}A & b\end{array}\right]\right)$.

Considere $ PA=LU$ e $ c=L^{-1}Pb$. A equação $ Ax=b$ é equivalente à equação $ Ux=c$, e portanto $ Ax=b$ tem solução se e só se $ Ux=c$ tem solução. Tal equivale a dizer que o número de linhas nulas de $ U$ iguala o número de linhas nulas de $ [U\vert c]$. De facto, o número sendo o mesmo, por substituição inversa é possível obter uma solução de $ Ux=c$, e caso o número seja distinto então obtemos no sistema associado a igualdade $ 0=c_i$, para algum $ c_i \ne 0$, o que torna $ Ux=c$ impossível. Se o número de linhas nulas de $ U$ iguala o de $ [U\vert c]$ então o número de linhas não nulas de $ U$ iguala o de $ [U\vert c]$.

Octave \includegraphics[scale=0.3]{Octave_Sombrero.eps}
Considere a equação matricial $ Ax=b$ onde $ A=\left[\begin{array}{ccc}
2& 2& 1\\
1& 1 & \frac{1}{2}\end{array}\right]$ e $ b=\left[\begin{array}{c}
-1 1\end{array}\right]$. A equação é consistente se e só se $ \mathrm{car}(A)=\mathrm{car}([A\vert b])$

> A=[2 2 1; 1 1 0.5]; b=[-1; 1];
> rank(A)
ans = 1
> [L,U,P]=lu(A)
L =

  1.00000  0.00000
  0.50000  1.00000

U =

  2  2  1
  0  0  0

P =

  1  0
  0  1
Portanto, $ \mathrm{car}(A)=1$.

> rank([A b])
ans = 2
> Aaum =

   2.00000   2.00000   1.00000  -1.00000
   1.00000   1.00000   0.50000   1.00000
> [Laum,Uaum,Paum]=lu(Aaum)
Laum =

  1.00000  0.00000
  0.50000  1.00000

Uaum =

   2.00000   2.00000   1.00000  -1.00000
   0.00000   0.00000   0.00000   1.50000

Paum =

  1  0
  0  1
Ora a caraterística da matriz aumentada é 2, pelo que $ Ax=b$ é inconsistente.

Dada a equação $ A\left[\begin{array}{c}x_1 x_2  \vdots  x_n \end{array}\right]=b$, considere $ U\left[\begin{array}{c}x_1 x_2  \vdots  x_n \end{array}\right]=c$ equivalente à primeira fazendo uso da factorização $ PA=LU$ da forma habitual. A incógnita $ x_i$ diz-se incógnita básica se a coluna $ i$ de $ U$ tem pivot. Uma incógnita diz-se livre se não for básica. A nulidade de $ A$, $ \mathrm{nul}(A)$, é o número de incógnitas livres na resolução de $ Ax=0$.

Octave \includegraphics[scale=0.3]{Octave_Sombrero.eps}
Na equação $ Ax=b$, com $ A=\left[\begin{array}{ccc} 2 & 2 & 1 1 & 1 & -1\end{array}\right],x= \left[\...
...x_2  x_3 \end{array}\right],b=\left[\begin{array}{c}-1 1 \end{array}\right]$, obtemos a decomposição

> A=[2 2 1; 1 1 -1]; b=[-1; 1];
> [L,U,P]=lu(A)
L =

  1.00000  0.00000
  0.50000  1.00000

U =

   2.00000   2.00000   1.00000
   0.00000   0.00000  -1.50000

P =

  1  0
  0  1

Repare que $ \mathrm{car}(A)=2$. Ora $ 2=\mathrm{car}(A) \le \mathrm{car}([A\vert b])\le 2$, já que a característica de uma matriz é não superior ao seu número de linhas e ao seu número de colunas. Segue que $ \mathrm{car}([A\vert b])=2$. A equação $ Ax=b$ é, portanto, consistente. Façamos, então, a classificação das incógnitas $ x_1,x_2,x_3$ em livres e em básicas. Atente-se à matriz escada de linhas $ U$ apresentada atrás. As colunas $ 1$ e $ 3$ têm como pivots, respectivamente, $ 2$ e $ -\frac{3}{2}$. As incógnitas $ x_1$ e $ x_3$ são básicas. Já $ x_2$ é livre pois a coluna $ 2$ de $ U$ não tem pivot.

Qual o interesse neste tipo de classificação das incógnitas? A explicação é feita à custa do exemplo anterior. A equação $ Ax=b$ é equivalente à equação $ Ux=c$, com $ U=\left[\begin{array}{ccc} 2 &2&1 0&0&-\frac{3}{2}\end{array}\right],c=\left[\begin{array}{c}-1 \frac{3}{2}\end{array}\right]$.

Octave \includegraphics[scale=0.3]{Octave_Sombrero.eps}
Com os dados fornecidos,

> [Laum,Uaum,Paum]=lu([A b])
Laum =

  1.00000  0.00000
  0.50000  1.00000

Uaum =

   2.00000   2.00000   1.00000  -1.00000
   0.00000   0.00000  -1.50000   1.50000

Paum =

  1  0
  0  1

Podemos, agora, aplicar o método da substituição inversa para obter as soluções da equação. Esse método é aplicado da seguinte forma:

  1. obtem-se o valor das incógnitas básicas $ x_i$ no sentido sul $ \rightarrow$norte,
  2. as incógnitas livres comportam-se como se de termos independentes se tratassem.

Para conveniência futura, a solução é apresentada na forma

$\displaystyle \left[\begin{array}{c}
x_1 x_2 \vdots  x_n \end{array}\righ...
...]+ \dots
x_{i_k} \left[\begin{array}{c} ? ? \vdots  ? \end{array}\right]$

onde $ x_{i_\ell} $ são as incógnitas livres.

Voltando ao exemplo, recorde que se obteve a equação equivalente à dada

$\displaystyle \left[\begin{array}{ccc} 2 &2&1 0&0&-\frac{3}{2}\end{array}\rig...
...x_3\end{array}\right]=\left[\begin{array}{c}-1 \frac{3}{2}\end{array}\right].$

Resolvendo a última equação correspondente, obtemos o valor da incógnita básica $ x_3$. De facto, $ -\frac{3}{2} x_3=\frac{3}{2}$ implica $ x_3=-1$. Na equação $ 2x_1+2x_2 +x_3= -1$, o valor de $ x_3$ é conhecido (bastando-nos, portanto, fazer a substituição) e a incógnita $ x_2$ é livre, comportando-se então como termo independente. Já $ x_1$ é básica, e resolve-se a equação em relação a esta. Obtemos $ x_1=\frac{-2x_2}{2}=-x_2$. Para cada escolha de $ x_2$ obtemos outo valor para $ x_1$. A solução geral é da forma

$\displaystyle (x_1,x_2,x_3)=(-x_2,x_2,-1)=
(0,0,-1)+x_2(-1,1,0),$

onde $ x_2$ varia livremente em $ {\mathbb{K}}$.

Num sistema possível, a existência de incógnitas livres confere-lhe a existência de várias soluções, e portanto o sistema é possível indeterminado. Ora, se o número de incógnitas é $ n$ e se $ k$ delas são básicas, então as restantes $ n-k$ são livres. Recorde que o número de incógnitas iguala o número de colunas da matriz do sistema, e que a característica de uma matriz é igual ao número de pivots. Existindo, no máximo, um pivot por coluna, e como o número das colunas com pivots é igual ao número de incógnitas básicas, segue que a característica da matriz é igual ao número de incógnitas básicas. A existência de incógnitas livres é equivalente ao facto de existirem colunas sem pivot, ou seja, do número de colunas ser estritamente maior que a característica da matriz. De facto, as incógnitas livres são, em número, igual ao número de colunas sem pivot.

Teorema 3.2.2   A equação consistente $ Ax=b$, onde $ A$ é $ m \times n$, tem uma única solução se e só se $ \mathrm{car}(A)=n$.

Corolário 3.2.3   Um sistema possível de equações lineares com menos equações que incógnitas é indeterminado.

Recorde que o número de incógnitas livres é o número de colunas sem pivot na resolução de um sistema possível $ Ax=b$. Por outro lado, a nulidade de $ A$, $ \mathrm{nul}(A)$, é o número de incógnitas livres que surgem na resolução de $ Ax=0$. Recorde ainda que a característica de $ A$, $ \mathrm{car}(A)$, é o número de pivots na implementação de Gauss, que por sua vez é o número de colunas com pivot, que iguala o número de incógnitas básicas na equação $ Ax=0$. Como o número de colunas de uma matriz iguala o número de incógnitas equação $ Ax=0$, e estas se dividem em básicas e em livres, correspondendo em número a, respectivamente, $ \mathrm{car}(A)$ e $ \mathrm{nul}(A)$, temos o resultado seguinte:

Teorema 3.2.4   Para $ A$ matriz $ m \times n$,

$\displaystyle n=\mathrm{car}(A)+\mathrm{nul}(A).$

O resultado seguinte descreve as soluções de uma equação possível $ Ax=b$ à custa do sistema homogéneo associado (ou seja, $ Ax=0$) e de uma solução particular $ v$ de $ Ax=b$.

Teorema 3.2.5   Sejam $ Ax=b$ uma equação consistente e $ v$ uma solução particular de $ Ax=b$. Então $ w$ é solução de $ Ax=b$ se e só se existir $ u\in N(A)$ tal que $ w=v+u$.

Suponha $ v,w$ soluções de $ Ax=b$. Pretende-se mostrar que $ w-v \in N(A)$, ou seja, que $ A(w-v)=0$. Ora $ A(w-v)=Aw-Av=b-b=0$. Basta, portanto, tomar $ u=w-v$.

Reciprocamente, assuma $ v$ solução de $ Ax=b$ e $ u$ solução de $ Ax=0$. Pretende-se mostrar que $ w=v+u$ é solução de $ Ax=b$. Para tal, $ Aw=A(v+u)=Av+Au=b+0=b$.

Ou seja, conhecendo o conjunto das soluções de $ Ax=0$ e uma solução particular de $ Ax=b$, conhece-se o conjunto das soluções de $ Ax=b$.

Octave \includegraphics[scale=0.3]{Octave_Sombrero.eps}
Considere a equação matricial $ Ax=b$, com $ A=\left[\begin{array}{ccc}
9 & -2 & 4 \\
6 & -5 & 0 \\
-12 & -1 & -8 \end{array}\right]$ e $ b=\left[\begin{array}{c} 3 5 -1\end{array}\right]$. O sistema é consistente, já que $ \mathrm{car}(A)=\mathrm{car}([A \vert b])=2$:

> rank ([A b])
ans = 2
> rank (A)
ans = 2
Sendo a característica de $ A$ igual a 2 e tendo a matriz 3 colunas, então existe uma, e uma só, incógnita livre na resolução de $ Ax=b$. Façamos, então, a divisão das incógnitas em livres e básicas. Para tal, determina-se a matriz escada de linhas obtida da matriz aumentada $ [A\vert b]$:
> [Laum,Uaum,Paum]=lu([A b])
Laum =

   1.00000   0.00000   0.00000
  -0.50000   1.00000   0.00000
  -0.75000   0.50000   1.00000

Uaum =

  -12.00000   -1.00000   -8.00000   -1.00000
    0.00000   -5.50000   -4.00000    4.50000
    0.00000    0.00000    0.00000    0.00000

Paum =

  0  0  1
  0  1  0
  1  0  0
Se $ x=(x_1,x_2,x_3)$, as incógnitas básicas são $ x_1$ e $ x_2$, enquanto que $ x_3$ é incógnita livre.

Como vimos do resultado anterior, conhecendo uma solução particular de $ Ax=b$, digamos, $ v$, e conhecendo $ N(A)$, ou seja, o conjunto das soluções de $ Ax=0$, então as soluções de $ Ax=b$ são da forma $ v+u$, onde $ u\in N(A)$. Uma solução particular pode ser encontrada tomando a incógnita livre como zero. Ou seja, considerando $ x_3=0$. A sunbstituição inversa fornece o valor das incógnitas básicas $ x_1,x_2$:

> x2=Uaum(2,4)/Uaum(2,2)
x2 = -0.81818
> x1=(Uaum(1,4)-Uaum(1,2)*x2)/Uaum(1,1)
x1 = 0.15152

Este passo pode ser efectuado, de uma forma mais simples, como

> A\b
ans =

   0.31235
  -0.62518
  -0.26538
Resta-nos determinar $ N(A)$:
> null (A)
ans =

   0.44012
   0.52814
  -0.72620

O vector $ u$ que nos é indicado significa que $ N(A)$ é formado por todas a colunas da forma $ \alpha u$. Se, por ventura, nos forem apresentados vários vectores v1 v2 ... vn, então os elementos de $ N(A)$ escrevem-se da forma $ \alpha_1 v_1 +\alpha_2 v_2 +\dots +\alpha_n v_n$.

Considere, agora, a matriz

> A=[2 2 2 0; 1 1 2 2];
Esta matriz tem característica 2, como se pode verificar à custa da factorização $ PA=LU$:
> [L,U,P]=lu(A)
L =

  1.00000  0.00000
  0.50000  1.00000

U =

  2  2  2  0
  0  0  1  2

P =

  1  0
  0  1
A nulidade é 2, pelo que existem 2 incógnitas livres na resolução de $ A\left[\begin{array}{cccc} x_1 & x_2 & x_3 & x_4\end{array}\right]^T =0_{2\times 1}$. As incógnitas livres são as correspondentes à colunas de $ U$ que não têm pivot; no caso, $ x_2$ e $ x_4$. O sistema associado à equação $ Ux=0$ é $ \left\{ \begin{array}{r}
2x_1+2x_2+2x_3=0\\
x_3+2x_4=0\end{array}\right.$. Resolvendo o sistema em relação à incógnitas básicas $ x_1,x_3$, e por substituição inversa, obtemos $ x_3=-2x_4$, que por sua vez fornece, substituindo na primeira equação, $ x_1=\frac{1}{2} \left( -2x_2 +4x_4\right)= -x_2+2x_4$. Ou seja, a solução geral de $ Ax=0$ é

$\displaystyle (x_1,x_2,x_3,x_4)=(-x_2+2x_4,x_2,-2x_4,x_4)=x_2(-1,1,0,0)+x_4(2,0,-2,1).$

Sem nos alongarmos em demasia neste assunto, o Octave, como já foi referido, contém uma instrução que calcula o núcleo de uma matriz:

> null(A)
ans =

  -0.71804  -0.35677
   0.10227   0.79524
   0.61577  -0.43847
  -0.30788   0.21924
O resultado apresentado indica os vectores que decrevem o conjunto $ N(A)$: todo o elemento de $ N(A)$ se escreve como soma de múltiplos dos dois vectores apresentados. Mais, os vectores fornecidos são ortogonais entre si e têm norma 1.
> null(A)(:,1)'*null(A)(:,2)
ans =  6.2694e-17
> null(A)(:,1)'*null(A)(:,1)
ans = 1.0000
> null(A)(:,2)'*null(A)(:,2)
ans = 1


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Pedro Patricio 2008-01-08