Seja uma matriz não nula.
Após se aplicar o passo 3 em todas as linhas e na primeira coluna, e supondo que , a matriz que se obtem tem a forma seguinte:
Octave
I3 indica a matriz identidade de ordem 3.
> M=[2 2 2 2;2 2 2 0;1 1 0 1] > P23=I3([1 3 2],:); > E31=I3; E31(3,1)=-0.5; > E21=I3; E21(2,1)=-1; > P23*E31*E21*M U = 2 2 2 2 0 0 -1 0 0 0 0 -2
Como foi referido, a matriz obtida por aplicação dos passos descritos no Algoritmo de Eliminação de Gauss tem uma forma muito particular. De facto, debaixo de cada pivot todos os elementos são nulos. A esse tipo de matriz chamamos matriz escada (de linhas). Uma matriz é matriz escada (de linhas) se
Sempre que o contexto o permita, diremos matriz escada para significar matriz escada de linhas.
A matriz é uma matriz escada (de linhas) que se obteve de por aplicação dos passos -. É óbvio que uma matriz escada é triangular superior, mas o recíproco não é válido em geral. Como exemplo, considere a matriz .
Ou seja, a matriz iguala . Portanto, toda a matriz é equivalente por linhas a uma matriz escada de linhas.
Antes de procedermos à prova deste resultado, abrimos um parênteses para apresentarmos dois exemplos que servem de motivação ao lema que se segue.
Considere a matriz . A troca da primeira com a segunda linhas dá origem à matriz , a qual, e usando o AEG descrito atrás, satisfaz . Ou seja, existem matrizes permutação, triangular inferior com 1's na diagonal e matriz escada para as quais . Para tal, basta tomar , , e .
Considere agora a matriz . Ora , o que força a troca da segunda pela terceira linha. Obtemos, assim, , que é uma matriz escada. Neste caso, como se obtêm as matrizes do teorema? Ao contrário do exemplo anterior, a realização matricial das operações elementares por linhas do AEG não nos fornece, de forma imediata, essa factorização. No entanto, poder-se-ia escrever , já que , e portanto , pois . Note que . Não obstante, repare que , donde , e portanto , com e .
Suponha que . Pretende-se mostrar que , com . Sendo a matriz obtida de trocando as linhas e , e visto a linha de ser
é a matriz obtida de a que à linha se somou a linha de multiplicada por . Sendo a linha de
Para , a linha de é a linha de , sendo esta a linha da matriz identidade se , ou a linha da identidade se . Por sua vez, a linha de é a linha da ientidade se , ou é a linha de se .
[Demonstração do teorema ] A prova segue da aplicação do algoritmo de eliminação de Gauss, fazendo-se uso do lema para se obter a factorização da forma , onde os pivots do algoritmo são o primeiro elemento não nulo de cada linha (não nula) de .
A característica de uma matriz , denotada por , por ou ainda por , é o número de linhas não nulas na matriz escada obtida por aplicação do Algoritmo de Eliminação de Gauss. Ou seja, e sabendo que toda a linha não nula de tem exactamente 1 pivot que corresponde ao primeiro elemento não nulo da linha, a característica de é o número de pivots no algoritmo (ainda que o último possa não ser usado, por exemplo, no caso de estar na última linha). Note ainda que . Por exemplo, , já que a matriz escada obtida desta tem 3 linhas não nulas.
Uma matriz quadrada de ordem diz-se não-singular se . Ou seja, é não-singular se forem usados pivots no algoritmo de eliminação de Gauss. Uma matriz é singular se não for não-singular.
Por um lado, se é invertível, e como , segue que é invertível, quadrada. Como é triangular superior, não pode ter linhas nulas caso constrário teria um elemento diagonal nulo, o que contraria a invertibilidade de .
Por outro lado, se é não-singular então não tem linhas nulas. Como cada coluna de tem no máximo 1 pivot, e existem linhas e pivots, então cada linha tem exactamente 1 pivot. Ou seja, os elementos diagonais de são não nulos. Como é triangular superior, segue que é invertível, e portanto é invertível visto .
Octave
Ao se usar uma ferramenta computacional numérica é necessário algum cuidado nos erros de truncatura. Como exemplo, considere a matriz A=[1E-5 1E5; 1E5 1E-5]. Esta matriz é não-singular, e a única (porquê?) matriz escada obtida, sem quaisquer trocas de linhas, é
. Usando o Octave,
> format long > E=eye (2); E(2,1)=-A(2,1)/A(1,1) E = 1 0 -10000000000 1 > E*A ans = 1.00000000000000e-05 1.00000000000000e+05 -1.45519152283669e-11 -1.00000000000000e+15Repare que a matriz não é triangular inferior, e que o elemento dessa matriz deveria ser e não como indicado.
> (E*A)(2,2)==-1E15 ans = 1 > -1E15==-1E15+1E-5 ans = 1Para o Octave, não existe distinção entre os dois números, por erro de arrondamento.
Embora o AEG seja pouco eficiente neste tipo de questões, existem algumas alterações que são efectuadas por forma a contornar este problema. Um exemplo é a pivotagem parcial. Este algoritmo será descrito com detalhe noutra unidade curricular de MiEB. A ideia é, quando se considera um pivot na entrada , percorrer os outros elementos que estão por baixo dele e trocar a linha com a linha do elemento que seja maior, em módulo. Tal corresponde a multiplicar, à esquerda, por uma matriz da forma . Esse algorimto está implementado no Octave, sendo chamado pela instrução lu(A).
> [L,U,P]=lu (A) L = 1.000000000000000 0.000000000000000 0.000000000100000 1.000000000000000 U = 1.00000000000000e+05 1.00000000000000e-05 0.00000000000000e+00 1.00000000000000e+05 P = 0 1 1 0A matriz indica a inversa do produto das matrizes elementares, é a matriz escada, e é a matriz permutação. Obtemos, deste forma, a factorização .
> all(all(P*A==L*U)) ans = 1
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Acima: Um resultado de factorização
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Pedro Patricio
2008-01-08